A iniciativa contou com a participação do Banco do Nordeste e da Cesol que disponibilizaram informações essenciais, que podem possibilitar geração de renda

A Fundação Araripe realizou no dia último dia 9, como última atividade projeto REDESER, o webinar “Planejamento do Crédito para o Agroextrativismo”. O evento, gratuito e online, foi transmitido no canal do YouTube da TV Caatinga, da Universidade Federal do Vale do São Francisco- UNIVASF, parceira da instituição, e já está disponível para acesso. Mais de 100 pessoas entre representantes da Sociedade Civil e diversas instituições, assim como agricultores extrativistas e estudantes estiveram presentes.

Participaram do evento o representante assistente do Programa FAO – Brasil, Gustavo Chianca, e da vice-reitora UNIVASF, Lucia Marisy, e os palestras Arony Garcia, Agente de Desenvolvimento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Superintendência do Ceará, e Nilo Ramos, Coordenador Geral do Centro Público de Economia Solidária (CESOL), com atuação no Território do Piemonte da Diamantina e Municípios. O objetivo da iniciativa foi apresentar as linhas de crédito que o BNB disponibiliza para agricultores extrativistas e apontar os requisitos necessários aos produtores para conseguir acesso a esses créditos.

O evento foi aberto pelo diretor técnico da Fundação Araripe e presidente da Reserva da Biosfera da Caatinga, Francisco Campello, que destacou que a importância do evento para a Fundação Araripe é poder, na sua missão, viabilizar informações necessárias para ajudar os agricultores familiares, principalmente com meios que possibilitem acesso práticas sustentáveis e que impacte em geração de renda.

“Nós tivemos o cuidado de trazer duas grandes experiências, o agente fomentador da política pública, que é o Banco do Nordeste e de um agente que tem larga experiência em orientar os usuários dessa política, especificamente os extrativistas, com uma forte presença nos territórios, como é o caso da CESOL”, explicou Francisco.

Gustavo Chianca destacou, em sua fala, a relevância do tema para os extrativistas e lembrou três ações importantes do projeto REDESER na região: o mapeamento das áreas de Fundo de Pasto e os diagnósticos realizados, o inventário florestal e a entrega de 14 Plano de Gestão Integrada dos Recursos Naturais – GIRN para as comunidades. “Os Planos são fundamentais para promover o uso sustentável do território e fortalecimento das atividades produtivas locais”, explicou.

A professora Lucia Marisy parabenizou a Fundação Araripe e destacou as várias ações realizadas em parceria com a instituição e os trabalhos executados junto às comunidades tradicionais. “Essas também são pautas prioritárias da UNIVASF, no que se refere ao desenvolvimento dos seus territórios e a Fundação Araripe é uma parceria constante em iniciativas desta natureza”, apontou.

Linhas de crédito
Arony Garcia apresentou os fundos de investimento e as linhas de crédito do Pronaf, com destaque para o Pronaf Floresta, Agroecologia e Semiárido, destacando vantagens, benefícios, recursos disponíveis, limites de financiamento e as possibilidades de migração para linhas de crédito mais altas. “Todos podem ter acesso as linhas de crédito do banco, para isso é importante procurar uma agência ou um projetista, que um agente vai até a comunidade para esclarecer dúvidas”, explicou Garcia.

O Agente de Desenvolvimento também trouxe informações sobre outras linhas de crédito voltadas para os pequenos e mini-produtores rurais que não estão ligados ao Pronaf, como as linhas do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste- FNE. Entre elas estão o FNE Rural, SOL e Verde, entre outros.

Trazendo a experiência de 20 anos como técnico projetista, o coordenador geral do CESOL, Nilo Ramos, acrescentou à discussão pontos importantes para o produtor rural que pretende ter acesso às linhas de crédito. “A gente precisa fazer com que o dinheiro chegue nas mãos do produtor da agricultora familiar, que esse recurso seja aplicado de fato e se transforme em alimento, em artesanato, em qualidade de vida, em renda”, pontuou Ramos.Nilo Ramos chamou a atenção para pontos importantes que o produtor rural deve levar em consideração antes de buscar crédito, como saber exatamente sua real necessidade, ter orientação qualificada para fazer os projetos, organizar toda a documentação necessária, podendo também consultar o Manual de Crédito do Banco Central para obter dados mais robustos e, ainda, se organizar com os parceiros institucionais.

“A gente tá vivendo um momento histórico, em que o planeta está pedindo socorro. A forma de trabalhar a agricultura, de forma invasiva, já mostrou que não está dando certo. As pessoas continuam passando fome e a saída é a agroecologia. O ideal é trabalhar com agroextrativismo sustentável, a sociobiodiversidade, a economia popular e solidária”, concluiu o coordenador da CESOL.

REDESER
O projeto REDESER – Revertendo o Processo de Desertificação nas Áreas Suscetíveis do Brasil: Práticas Agroflorestais Sustentáveis e Conservação da Biodiversidade, foi executado nos últimos 18 meses, com atuação em 14 Comunidades Tradicionais de Fundo e Fecho de Pasto, nos municípios de Uauá e Monte Santo, sertão da Bahia. O objetivo principal do projeto foi interromper e reverter o processo de desertificação, através de ações de enfrentamento à frequente degradação do solo e da perda de biodiversidade nos ecossistemas da Caatinga, com foco nas Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD).

A iniciativa é do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima – MMA, em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO no Brasil, financiado com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente – GEF, e resultou na elaboração de um Plano de Gestão Integrada dos Recursos Naturais – GIRN, em comunidades Fundo de Pasto, implementado no território baiano pela Fundação para o Desenvolvimento Sustentável do Araripe – Fundação Araripe, tendo como parceiros locais a Escola Família Agrícola do Sertão – EFASE, de Monte Santo-BA e a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá – COOPERCUC, de Uauá – BA.