Durante as comemorações do Dia Nacional da Caatinga, realizadas dia 29 de abril, em Natal, a Fundação Araripe, na presidência do Conselho da Reserva da Biosfera da Caatinga, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte – IDEMA  do Rio A Grande do Norte realizou o seminário Desafios da Caatinga.

O evento contou com a presença de autoridades do estado, representantes da sociedade civil organizada, professores e estudantes. Para abrir o ciclo de palestras, a primeira convidada foi a professora do Instituto Federal do RN, Rosimeire Cavalcanti, que falou sobre o tema Sustentabilidade do Bioma Caatinga,  e trouxe como discussão o impacto na qualidade de vida das pessoas e as suas causas. Ela apontou como alternativa o uso sustentável dos produtos da biodiversidade da Caatinga e o manejo adequado.

A segunda apresentação teve o tema  “Desenvolvimento Sustentável: Riscos e Oportunidades, apresentado por Dirceu Simabucuru . A palestra que deu nome ao evento, Desafios da Caatinga, também foi a mais esperada sendo proferida pelo diretor técnico da Fundação Araripe e presidente do Conselho da Reserva da Biosfera da Caatinga, Francisco Campello.

Durante sua apresentação , Campello fez um breve histórico sobre a trajetória da Fundação Araripe e da RB da Caatinga. “Esse evento é extremamente emblemático e estratégico, principalmente quando a gente está em um ano no qual o Brasil vai sediar uma COP”, afirmou. Ele cita alguns dos grandes desafios do bioma: a retirada do carbono que está acumulado na atmosfera, a mudança da matriz energética do mundo e a dificuldade em fiscalizar ações ilegais na Caatinga.

“Vai levar tempo, mas existem emissões que são rapidamente evitáveis ​​e uma delas é a do desmatamento”, explicou. O Brasil, junto com oito países da América do Sul, compartilha uma floresta tropical, mas temos também na África a região do Congo, a Ásia, Indonésia e Malásia, que também reúne m florestas responsáveis ​​pela produção de uma grande quantidade de água. Então, de acordo com Francisco , será um grande desafio para o país e o mundo inteiro vai   cobrar uma redução significativa d e desmatamento. “Nós tivemos reduções na Amazônia, mas a gente não está tendo o mesmo sucesso com os biomas do Cerrado, Caatinga e o Pampa”, afirmou.

A região Nordeste tem 30% da matriz energética atendida com biomassa florestal. Francisco afirma que se a biomassa é de fonte renovável, sustentável e licenciada, ela seria uma fonte de energia inclusiva, de baixo custo, que conserva a paisagem, que concebe serviços ecossistêmicos e que gera muito trabalho e renda, mas faz um alerta,  “ Infelizmente , a gente não tem o olhar econômico e essa matriz energética só é atendida com classificações de sustentabilidade em 4%”, ressaltou.

Campello chama atenção , ainda , para a dificuldade dos órgãos ambientais em fazer fiscalização na Caatinga. Para ele, o IBAMA deveria trabalhar com critérios de sustentabilidade, com um processo de licenciamento que chegasse próximo aos pequenos agricultores , de forma mais flexível e inclusiva para sanar essa questão.

Ao mesmo tempo que há esse desafio de preservar a floresta, de reduzir as emissões que colocam o Brasil na quinta posição de maior emissor de gases de efeito estufa, há o desafio de enfrentar os problemas da questão climática, relata Campello.

Campello   afirma também que olhar para a C aatinga talvez seja uma boa opção de como se adaptar às mudanças climáticas. Muito do que já foi testado na C aatinga pode servir de modelo para os outros biomas. “Nós teremos uma grande perda de biodiversidade em algumas regiões do Brasil, que hoje são grandes produtoras de alimentos. Isso vai acabar, sem sombra de dúvida, pois a gente não vai conseguir adaptar todos os produtos agrícolas brasileiros às mudanças climáticas de uma forma tão rápida”, expôs.