Como Presidência da Reserva da Biosfera da Caatinga e no âmbito da Coordenação Regional do Programa Rural Sustentável Caatinga, a Fundação Araripe trouxe para a Expocrato um conjunto de experiências exitosas desenvolvidas no Nordeste, resilientes e regenerativas de baixo carbono que estão sendo implementadas no Bioma Caatinga.

A convite do Governo do Estado do Ceará, Francisco Campello proferiu a palestra “Sistematização das Experiências Exitosas no Desenvolvimento Rural Sustentável: Tecnologias de Baixo Carbono” no Salão de Atos da Universidade Regional do Cariri (URCA).

Em sua fala, Francisco Campello apresentou o Plano de Agricultura de Baixo Carbono e as principais diretrizes definidas para o Brasil. O Plano ABC é um plano setorial que está dentro do Programa de Mudanças Climáticas, que corresponde a um compromisso que o Brasil assumiu na Convenção de Mudanças Climáticas.

Campello explicou que o plano tem duas iniciativas: uma que se traduz nas metas de reflorestamento, restauração Integração Lavoura Pecuária (ILPF), Uso dos Dejetos e a Eficiência Energética nos processos de produção e outra investe em equipamentos e implementos mais eficientes para as famílias camponesas.

Nesse contexto, Francisco apresentou uma série de iniciativas em andamento, como a utilização de roçadeiras, perfuradores de solo e microtratores para a microprodução. Esses equipamentos otimizam o trabalho do pequeno agricultor sem perda da classificação deste, abrindo um campo para uma nova indústria que possa produzir para esse público que ainda os desconhece. “Hoje está sendo feita uma articulação para que isso esteja mais próximo do agricultor, gerando demanda e, dessa forma, criando mercado. Isso vai fazer com que as indústrias venham para esse campo”, declarou Campello.

Francisco enfocou o manejo sustentável da vegetação nativa, já que no semiárido, ainda há uma quantidade considerável dessa vegetação. Mas, atualmente, relatou, no quadro das emissões de gases do efeito estufa (GEE), o Brasil está junto às grandes nações em altos índices de desmatamento. Um exemplo que contribui para esse quadro ocorre com a pecuária, que emite gases de efeito estufa através do arroto dos animais. “Toda boa prática de sistema silvipastoril, extrativismo sustentável, de manejo da vegetação nativa com fins apícolas e manejo madeireiro evitam o desmatamento e trazem sistemas integrados e, com isso, evita o desmatamento e ajuda a pecuária.

Outro aspecto importante foram as técnicas de conservação do uso do solo, já que a maior parte do carbono está nele. Ao se trabalhar essas técnicas como a curva de nível, o renque de pedra, a Barragem Base Zero (BBZ), se diminui a movimentação do solo, fazendo com que o carbono vá para a atmosfera. Essas técnicas associadas aos Sistemas Agroflorestais, que dão cobertura na terra e diversificam o uso do ambiente, fazem a fixação do carbono através das árvores, da adubação orgânica e faz a incorporação do nitrogênio orgânico, outra meta do Plano ABC, através do plantio das leguminosas e ainda evita a perda de carbono.

 

O evento foi aberto e mediado pelo representante da FAO no Ceará, Dedé Teixeira, compondo a mesa o Assessor do deputado Federal Guimarães, Barbosa Neto, o professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Campus Crato, Joaquim Rufino, pelo representante do Agropolos, Evanildo Simão, e do Instituto Flor do Pequi. Também estiveram presentes representantes de associações da zona rural do Crato e do Geopark Araripe.