Promover troca de saberes e vivências para a prática de plantio sustentável do pequi. Esse foi o objetivo do encontro promovido pela Fundação Araripe, através do projeto Semeando Conhecimento na Caatinga, entre mulheres extrativistas da comunidade da Macaúba, em Barbalha e com o viveiro de mudas, em Jardim, ambas no Ceará, na última quinta-feira, 02.

As 21 mulheres foram recepcionadas pelo responsável pelo Viveiro, João Tavares, conhecido como seu Bejú. Durante a visita, Seu Bejú apresentou técnicas de preparo do caroço do fruto para a germinação mais eficiente e formação de mudas, os cuidados necessários nessas primeiras etapas, que envolvem seleção e secagem, e finalizou com o plantio. Na oportunidade, as mulheres também fizeram uma Troca Solidária, com a doação de caroços por mudas da planta.

Esse encontro é importante, de acordo com o Coordenador Técnico da Fundação Araripe, Francisco Campello, que prestigiou o evento, porque une a orientação técnica que agrega conhecimentos científicos dentro de uma vivência prática. “Essa é uma ação estruturante no sentido de que forma as comunidades com conhecimento para que elas próprias no futuro façam o processo de restauração. O projeto traz, na sua essência, a transferência de conhecimento e o intercâmbio. É exatamente a consolidação desse processo dentro de uma linguagem local”, explicou.

A técnica da Fundação Araripe que acompanhou o intercâmbio, Nágila Batista Coelho, avaliou a experiência como um importante passo para as participantes desenvolverem um trabalho mais eficaz. “A produção de mudas do pequi é um desafio para elas, pela dificuldade na germinação do fruto. As técnicas realizadas por seu Bejú aumentam a probabilidade da germinação da semente e consequentemente da muda, oportunizando assim que elas façam suas mudas e plantio, semeando pequizeiro pela floresta”.

De propriedade do Estado e funcionando em parceria com a prefeitura municipal de Jardim, o Viveiro regional é de fundamental valor para a produção de mudas destinadas a recuperação de áreas degradadas. Para a agricultora Sueli Pinheiro, o momento foi muito proveitoso. “Eu tinha muita curiosidade em aprender sobre plantar o pequi e aí, agora, é uma coisa que eu vou cultivar e replantar porque os pequizeiros que tinham lá nas terras do meu pai morreram”, afirmou.

O pequi é um fruto nativo da região da Chapada do Araripe, com grande importância econômica para diversas comunidades, a exemplo da Macaúba. O projeto Semeando Conhecimento na Caatinga foi idealizado pela Fundação Araripe e funciona com apoio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade -FUNBIO, que trabalha em prol da conservação da biodiversidade brasileira.

Também estiveram no momento a responsável pelo Viveiro Angélica Jorge e a técnica da Fundação Araripe, Bárbara Leandro.

Texto: Sarah Menezes