Projeto Reflorestando a Caatinga realiza mapeamento de comunidades de Zonas de Amortecimento
Iniciativa inovadora permitirá que população local contribua para ações de plantio e monitoramento das espécies nativas
O reflorestamento de áreas degradadas é um processo complexo, que requer planejamento estratégico e muito conhecimento técnico. Em uma iniciativa inovadora, o Projeto Reflorestando a Caatinga está integrando mais um elemento ao processo a fim de aprimorar resultados e ampliar o impacto de suas ações: a participação das comunidades que vivem nas Zonas de Amortecimento, áreas do entorno das 11 Unidades de Conservação que integram projeto.
“É muito importante que as comunidades que vivem nesse entorno estejam a par das ações que promovemos para que possam contribuir com informações sobre espécies importantes para suas atividades econômicas, bem como para se envolverem no monitoramento do plantio e conservação da vegetação nativa”, explica o diretor-técnico da Fundação Araripe, Francisco Campello.
Para promover essa integração, o Projeto deu início, em junho deste ano, a uma pesquisa de campo realizada em conjunto pela rede de parceiros do projeto, composta por oito entidades. O trabalho teve início na Zona de Amortecimento do Parque Serra do Areal, próximo a Petrolina. Pesquisadores da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) realizaram entrevistas em três comunidades: Volta da Carolina (Travessa Amargosa), Comunidade do Sítio Serra e Comunidade da Cristália,
“A experiência de aplicação dos questionários foi excelente. Entrevistamos pessoas que já haviam participado de reuniões de mobilização e outras que ainda não conhecíamos. Todas colaboraram muito, informando como percebem a preservação da Caatinga, sobre o valor que dão ao bioma, como enxergam de forma positiva projetos que contemplam a recuperação de área degradada e a importância destas ações para as futuras gerações e para o meio ambiente, que têm impacto na qualidade de vida para todos”, contou Cairã Luã Reis de Andrade, pesquisador da Univasf.
O trabalho de pesquisa também já está sendo realizado em outras Zonas de Amortecimento, por integrantes da rede de parceiros. O Serta está realizando as entrevistas na Serra do Catimbau, o Caatinga na Chapada do Araripe, a Agendha na Serra da Canoa e a Fundação Araripe estará à frente na área da Flona Negreiros e da Mata da Pimenteira.
As conversas com as comunidades também estão ajudando o projeto a identificar quais as espécies nativas da Caatinga que essas populações gostariam de ver restauradas, seja porque têm importância econômica para as comunidades ou por serem mais resistentes às adversidades climáticas.
“Incluímos uma questão aberta para que os entrevistados compartilhem sugestões e ideias. A partir das informações compartilhadas, vamos trabalhar para que nos próximos ciclos do projeto a abordagem e envolvimento destas comunidades possa ser ainda maior”, conta o pesquisador.
O “Projeto Reflorestando Unidades de Conservação e suas Zonas de Amortecimento para Restaurar a Biodiversidade e Fortalecer as Iniciativas Socioprodutivas da Caatinga” é parte do Programa Plantar Juntos, do Governo do Estado de Pernambuco. Executado pela Fundação Araripe e a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e de Fernando de Noronha (Semas-PE), o projeto tem como meta plantar 500 mil mudas em 11 Unidades de Conservação de Pernambuco.
Texto: Juliana Braga