A Carta de Fortaleza, documento elaborado durante a 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID III), recebeu contribuições diretas da Reserva da Biosfera da Caatinga (RBCA), reforçando o protagonismo do bioma nas discussões globais sobre mudanças climáticas. Realizado entre 15 e 19 de setembro, o evento reuniu cerca de 2 mil participantes de mais de 80 países, incluindo pesquisadores, gestores públicos, representantes de organismos internacionais, instituições acadêmicas, setor produtivo e organizações da sociedade civil.

O presidente da RBCA, Francisco Campello, participou de painéis sobre manejo sustentável e governança do bioma com experiências da RBCA e integrou a reunião da sociedade civil responsável por consolidar as recomendações que irão compor a Carta de Fortaleza, a ser apresentada na COP30, em Belém (PA). Campello destacou que o Semiárido brasileiro e a Caatinga têm papel central na mitigação dos efeitos da seca, na adaptação às mudanças climáticas e na promoção de soluções que conciliem conservação ambiental e desenvolvimento sustentável. “A ideia dos debates foi fazer uma análise crítica sobre as questões do uso sustentável da Caatinga e fazer recomendações que vão indicar as contribuições que vão ser encaminhadas para COP 30”. Ele ressaltou ainda a importância de apostar em mecanismos de manejo sustentável da Caatinga.

A vice-presidente da RBCA, Alecksandra Vieira, apresentou a palestra What science and technology institutions aredeveloping to stop the advance of desertification in northeast Brazil (O que a ciência e as instituições tecnológicas estão desenvolvendo para conter o avanço da desertificação no nordeste do Brasil), em que detalhou projetos estratégicos de restauração ecológica e o impacto das tecnologias implementadas no bioma. “Este foi mais um importante momento para compartilhar boas práticas e iniciativas que estamos desenvolvendo para combater a desertificação, além de expressar o impacto positivo das tecnologias que estamos implementando no bioma Caatinga”, destacou Alecksandra.

A juventude também marcou presença: a coordenadora da Rede Jovem da RBCA, Laisa Lima, apresentou as ações do Instituto Coopera Flora Azul de Desenvolvimento Socioambiental, desenvolvidas em Curaçá (BA), durante o painel Políticas Públicas Estaduais e o Combate à Desertificação. Também esteve presente a representante do Comitê Científico da RBCA, Alexandrina Sobreira, fortalecendo a articulação entre ciência, governança e engajamento comunitário.

A ICID III teve como objetivo consolidar estratégias concretas para adaptação às mudanças climáticas em regiões áridas e semiáridas, reforçando o Semiárido brasileiro e a Caatinga como referência internacional em políticas de sustentabilidade, conservação e inovação socioambiental. A participação da RBCA evidencia a importância de integrar saberes locais, ciência e políticas públicas para enfrentar os desafios climáticos e garantir um futuro sustentável para o bioma e para as populações que dele dependem.